segunda-feira, 31 de maio de 2010


“Eu só digo o que penso. Só faço o que gosto. E aquilo que creio. E se alguém não quiser entender e falar. Pois que fale. Eu não vou me importar com a maldade de quem nada sabe. E se alguém interessa saber. Sou bem feliz assim. Muito mais do que quem já falou ou vai falar de mim."

Maysa


(Fabiana Carvalho)

Troque o cigarro por uma rosa


Ao adentrar o prédio onde trabalho, um rapaz me abordou com um monte de rosas na mão, em um flash de 10 segundos me passaram inúmeras hipóteses sobre o porquê das rosas. Aliás, nós mulheres temos esta mania de premeditar tudo. Pensei: será que existe outro dia das mulheres? Em seguida pensei: lá vem o golpe.! Hipóteses erradas. O garoto me entregou uma rosa e disse: Troque o cigarro por uma rosa. Gente, se há coisas que ainda me comovem nesta vida são campanhas bem boladas, de gente criativa, em prol de um mundo melhor. O fato ocorreu logo pela manhã. Confesso que foi uma das maneiras mais lindas que já fui abordada por conta de uma campanha, ainda mais por uma causa nobre. O sorriso me tomou a cara sem muito esforço.


Depois fiquei pensando no sentido da campanha. Tipo: Vou ter que fumar a rosa, então? Não, não, Fabiana, não viaja, seja mais sensível e veja que a campanha vai muito além disso. Se uma rosa foi capaz de me transmitir algo tão bom (como gentileza nos faz bem) pude entender o verdadeiro espírito da coisa. Ali ela simbolizava que devemos trocar o cigarro por aquilo que nos faz sorrir, que nos faz bem. E é isso que eu quero! Não sou fumante, mas aceito a proposta de trocar o que me faz mal pelo que me faz bem.

Ah, se eles realmente soubessem o poder que uma rosa tem de desarmar uma mulher!


(Fabiana Carvalho)

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Assim, meio Alice...


“A Lagarta e Alice olharam-se por algum tempo em silêncio. Por fim, a Lagarta tirou o narguilé da boca e dirigiu-se a Alice com uma voz lânguida e sonolenta. "Quem é você?", disse a Lagarta. Não era um começo de conversa muito estimulante. Alice respondeu um pouco tímida: "Eu...eu... no momento, não sei, minha senhora... pelo menos sei quem eu era quando me levantei hoje de manhã, mas acho que devo ter mudado várias vezes desde então.”


(Trecho de Alice no País das Maravilhas)

Fabiana Carvalho

Qual a minha idade?


Às vezes, fico me perguntando qual a minha idade?! Fico vendo meus relacionamentos com minhas sobrinhas, irmãs mais velhas, minha mãe, amigos mais novos, amigos mais velhos, colegas de trabalho, enfim, tentando descobrir o porquê daquelas pessoas de diferentes faixas etárias, que considero especiais, despertarem tanto em mim.

Como é bom passar o tempo ao lado da minha sobrinha mais nova, de 11 anos, conversando sobre músicas de sua geração, fofocando sobre a vida dos artistas, me empolgando ao ouvir Justin Bieber, me divertindo com Kesha, rebolando em frente à TV imitando Beyoncé, fazendo as caras e bocas de Lady Gaga... e lá vai. Como é gostoso falar sobre arte com ela, ver seus olhos brilharem de interesse (aí nessa hora eu fico me perguntando que idade que ela tem, a sensibilidade dessa baixinha me impressiona).

Como é bom sentar ao lado da minha sobrinha de 18 anos e fofocar sobre os encontros e desencontros amorosos. Sobre as dificuldades de relacionamento com pais, paixões... Como é bom curtir uma balada ao lado dela, como ela mesma diz: Não tem preço.

Como é bom sentar ao lado da Dona Neusa (uma senhora muito querida, mãe do meu cunhado) e ver seus olhos captarem o que passa na minha vida, e em poucas palavras sermos capazes de nos entender.

Como é bom conversar com minha mãe, e ver que mesmo viúva, na terceira idade, tem uma sede de vida impressionante, um dinamismo e uma disposição que até me invejam.
Ah, tantas coisas! Acho que esses momentos são impulsionados pelos encontros de almas e de corações. E alma e coração são assim mesmo... Não tem idade.

(Fabiana Carvalho)


quinta-feira, 27 de maio de 2010

Dia Internacional do Lost




Gente, a mesmice cansa, aff!

Acho que deveria ter um DIA INTERNACIONAL DO LOST!

Isso mesmo! Um dia especial para que todos os cidadãos do mundo se permitissem dar um lost, um perdidão na rotina. Neste dia, todas pessoas seriam "obrigadas" a agir diferentemente do dia-a-dia. Tipo assim, todos teríamos que desligar notebooks, aparelhos celulares, tvs e telefones, e procurar um lugar que provavelmente não iríamos em dias comuns.

Poderíamos olhar a conta bancária, sacar uma grana, comprar uma passagem e passar um dia de frente ao mar de uma cidade que nunca iríamos de férias. Caso a conta não permitisse, poderíamos buscar uma serra perto e deixar a paz se instalar, ou se aventurar voando de balão, pulando de pára-quedas, ou tomando banho de cachoeira, subindo em um mirante e deixando-se deliciar com a vista... Poderíamos fazer qualquer coisa que nos deixasse distante desta energia previsível e frequente que insiste em nos cercar em dias comuns. Ah, o ideal é curtir o dia sem a companhia alguém que já se conheça.

Acho que todos precisamos de um momento de pensar em nada e em ninguém, nem na gente mesmo. Não proponho um dia de boa ação ou de introspecção, mas um dia do lost dessa mesmice inevitável que nos engole. Talvez só de sentir a vibração do que é diferente seja suficiente para quebrar um pouco dessa coisa chata que é a rotina.

Bem, já que não existe mesmo um dia especial pra isso, euzinha proclamo hoje, 27 de maio, o meu dia do lost. Acabei de desligar meu celular e se alguém perguntar por mim, avisem que fui ali na Lua e já volto. Lost.

(Fabiana Carvalho)

Os Indiferentes


"Odeio os indiferentes. Como Friederich Hebbel acredito que "viver significa tomar partido". Não podem existir os apenas homens, estranhos à cidade. Quem verdadeiramente vive não pode deixar de ser cidadão, e partidário. Indiferença é abulia, parasitismo, covardia, não é vida. Por isso odeio os indiferentes...

Vivo, sou militante. Por isso odeio quem não toma partido, odeio os indiferentes."

(Antonio Gramsci)

Texto na íntegra: http://www.marxists.org/portugues/gramsci/1917/02/11.htm

Aline Espíndola

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Duas bolas, por favor!


"(...) Tantos deveres, tanta preocupação em 'acertar', tanto empenho em passar na vida sem pegar recuperação... Aí a vida vai ficando sem tempero, politicamente correta e existencialmente sem-graça, enquanto a gente vai ficando melancolicamente sem tesão...

Às vezes dá vontade de fazer tudo “errado”. Deixar de lado a régua, o compasso, a bússola, a balança e os 10 mandamentos. Ser ridícula, inadequada, incoerente e não estar nem aí pro que dizem e o que pensam a nosso respeito. Recusar prazeres incompletos e meias porções.

Nós, que não aspiramos à santidade e estamos aqui de passagem, podemos (devemos?) desejar várias bolas de sorvete, bombons de muitos sabores, vários beijos bem dados, a água batendo sem pressa no corpo, o coração saciado.

Um dia a gente cria juízo.
Um dia...
Não tem que ser agora.

Por isso, garçom, por favor, me traga: cinco bolas de sorvete de chocolate...
Depois a gente vê como é que faz pra consertar o estrago."


Danuza Leão

(Fabiana Carvalho)

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Doidas e Santas


Adorei o livro “Doidas e Santas” da Martha Medeiros. Gosto do jeito contemporâneo dela de ser, de escrever e, principalmente, da sensibilidade feminina que tem. Ela consegue descrever perfeitamente aquilo que nos perturba diante dos olhos e do coração. A leitura acaba sendo dinâmica porque na verdade são reuniões de 100 crônicas com temas bem variados. A gente consegue devorar o livro de uma vez só.

Ela expõe os anseios da mulher moderna e também da mulher “mãe e família”. As alegrias e as desilusões, os dramas e as delícias da vida adulta, as neuroses da vida urbana, o prazer que se esconde no dia a dia e o poder transformador do afeto. Consegui me identificar bastante com a visão dela sobre os fatos.

A autora aborda assuntos dos mais variados. Ela fala sobre o Natal, sobre a morte, a vida, relacionamentos, separação, tédio, cinema, música, futebol, entre outros temas do cotidiano. Tudo com inteligência e humor. Acaba te levando a reflexões de uma forma leve.

A vida adulta hoje não está fácil para ninguém, e o livro vem retratar justamente sobre seus sabores e dissabores e sua prática nas grandes cidades.

Recomendo.

(Fabiana Carvalho)


sexta-feira, 14 de maio de 2010

Clariceando...


“Tenho certeza de que, no berço, a minha primeira vontade foi a de pertencer. Por motivos que aqui não importam, eu de algum modo devia estar sentindo que não pertencia a nada nem a ninguém. Nasci de graça. Se no berço experimentei essa fome humana, ela continua a me acompanhar pela vida afora, como se fosse um destino. A ponto de meu coração se contrair de inveja e desejo quando vejo uma freira: ela pertence a Deus (...) Quem sabe se comecei a escrever tão cedo na vida porque, escrevendo, pelo menos eu pertencia um pouco a mim mesma.


(Fabiana Carvalho)

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Hip-hop só quer ser pop

Gente, venho assistindo aos clipes da Rihanna e da Beyoncé e algo anda me soando bem diferente. Nem pior nem melhor, diferente. Os cenários novaiorquinos, as telas monocromáticas, as casas sofisiticadas da alta casta negra, os dramas de relacionamentos, tem sido trocados por telas explosivamente coloridas, bundas de rebolation em vermelho e amarelo, e objetos transfigurados. E elas? Estão virando mais personagens de quadrinhos a la Lichtenstein com voz do que cantoras de hip hop propriamente ditas.

A art pop tá, mais do que nunca, invadindo o mercado musical. Acho que o jeito exuberantemente over de Lady Gaga que, virou ícone mundial, vem influenciando os estilos das coleguinhas. É difícil ultrapassar ou inovar um espaço como este. Então, estamos aí, a assistir, de fato a “era da reprodutividade técnica da arte”.

Será mesmo que Rihanna tem cacife pra protagonizar as obras de Wahrol e as criações de Lichtenstein? Ainda me questiono. Porém, a fórmula do sucesso dos novos tempos está pronta e é garantido. Nada contra um telefone azul na cabeça de Lady Gaga, ou óculos cheio de cigarros pregados, ou adorar matar os homens no final de seus clipes. Confesso, admiro, e muito seu figurino, talento e sua autenticidade.

A única coisa que ando me perguntando é: O que virá? Quero saber do pós de tudo isso. Até agora tenho me divertido com as adaptações, mas nada tem me surpreendido. Warhol um dos precursores da arte pop, (aliás, mais contemporâneo do que ele, impossível) fez de forma fantástica a fusão da “alta cultura” (o conhecimento mais erudito) e a “baixa cultura” (a cultura de massa). E nunca sua força esteve tão presente nas reproduções musicais.

Escrevi este post, não para criticar, porque me divirto com os novos clipes, mas para refletir e tentar compreender essa proposta do novo modelo musical americano hip hop pop. Porque sinceramente, acredito que a arte sirva pra ser reinventada mesmo, mas acho que Riahnna e Beyoncé estão perdendo a identidade. Acho que elas, como cantoras de hip hop e suas próprias performances os faziam bem, e deveriam se colocar em seus próprios lugares. Por que com estas novas adaptações, até o que antes nos era diferente, agora está virando padrão. E cansa! Vamos lá meninas, vocês são boas para o que fazem... Então: cada macaco no seu galho!

Pra quem quiser conferir, seguem os links que ilustram exatamente o que tô dizendo.

Enjoy it!

http://www.youtube.com/watch?v=e82VE8UtW8A&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=EVBsypHzF3U

(Fabiana Carvalho)

"Ars existit ne veritas nos destruat"

A arte existe para que a verdade não nos destrua.


(Nietzsche)

Escrever, escrever, criar e criar.

Ai, Nietzsche você sempre soube!

(Fabiana Carvalho)

"Sólo como un pájaro que vuela en la noche"


Adoro esta música de uma banda de rock pop argentino, Callejeros. Quando estive em Córdoba, na Argentina, fui em alguns pubs lá. E tocava muito. Confesso que no começo eu achava meio estranho cantar rock em espanhol. Mas tocava tanto e, principalmente, em lugares legais, que eu acabei me acostumando com o “sonido” e quando me vi, já cantava a letra de cor. O bom é que sempre que ela tocava, eu me entusiasmava como se fosse uma música alegre, pois ainda era um pouco desatenta ao seu real significado.

A música tornou-se um hino naquela região, pois em 2004 a banda Callerejos deu um show em uma boate em Buenos Aires chamada República Cromañón, e ela pegou fogo. O acidente matou 194 pessoas.

Pelo que representa, pelo ritmo e letra, peguei tanta simpatia pela música que ela me ganhou. Sua letra é bem profunda e um pouco triste também. Ela me traz um misto de sentimentos, uma certa nostalgia. Mas, traz à tona também o que, às vezes, me assombra.


Voces solo voces como ecos
como atroces chiste sin gracia
hace mucho tiempo escucho voces
y ni una palabra.

Y mis ojos maltratados

se refugian en la nada y se cansan
de ver un
monton de caras y ni una mirada.

Sólo como un pájaro que vuela en la noche
libre de vos
pero no de mí

vacio como el sueño de una gorra lleno de nada,
sin saber donde ir.
(...)


“Una noche fria” - Callejeros

(Fabiana Carvalho)

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Tenho medo do word!


Quando me deparo com um cursor piscando em minha frente em uma página branca do word, quase gritando por um caractere, eu fico nervosa. Como é difícil para quem gosta de escrever, escrever! Li um trecho da Rosa Montero e me identifiquei com o que sente. Mas uma coisa é certa, escrever dá medo sim, mas é maravilhoso!
“O que realmente horroriza é o resultado do trabalho, isto é, escrever palavras, as palavras ruins, textos inferiores à sua própria capacidade.
Você tem medo de esmigalhar sua idéia redigindo-a de maneira medíocre. Claro que você poderá reescrevê-la, consertar as falhas mais evidentes e até cortar partes inteiras de um romance e voltar a começar.
Mas uma vez que delimitou sua idéia com palavras, você a manchou, puxou-a para a tosca realidade, e é muito difícil tornar a ter a mesma liberdade criativa de antes, quando tudo voava pelos ares.
Uma idéia escrita é uma idéia ferida e escravizada a uma certa forma material; por isso dá tanto medo sentar-se para trabalhar, porque é uma coisa de certo modo irreversível.” Rosa Montero

(Fabiana Carvalho)

sábado, 8 de maio de 2010

Just Justin

Cara, gosto deste moleque. Tô achando engraçado o comportamento dos teens (meninos), em geral. Fui ao shopping ontem e fiquei reparando os adolescentes parando em frente aos espelhos e, cuidadosamente, ajeitando os cabelos, a la Justin Bieber. Ele tem sido a grande influência desta moçadinha. Não é pra menos, o menino é uma graça, tem talento, canta bem e tem estilo. Acho massa porque eles conseguiram colocar a um pouco da maldade. Não sei bem se essa seria a palavra, vamos dizer, as segundas intenções, a “marra”. Pronto, é isso. A marra do hip hop e do pop na inocência de um adolescente de personalidade (talvez formada pela produção americana... apesar de sua origem canadense, whatever... seja qual for sua formação, ela existe e, de fato, contagia).

Ele me faz relembrar minha adolescência. E com a música “baby” que fala do “primeiro amor que partiu o coração pela primeira vez”. Ele influencia até os adultos com momentos nostálgicos. (hehehe). Tomara que o moleque continue brilhando e seguindo a mesma linha. E que o sucesso não lhe suba à cabeça como aconteceu com Macaulay Culkin. E que Justin Bieber continue fazendo a cabeça da moçada, em todos os seus sentidos, e arrancando suspiros da meninada. E para os adultos, ficamos aqui apreciando e relembrando os momentos first love.

(Fabiana Carvalho)

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Faz-de-conta


"Faço de conta que sou levada...

pra ser levada em conta!”

Vander Lee

(Fabiana Carvalho)