
(Fabiana Carvalho)
O escritor americano Leon Uris (1924-2003) usou a palavra mendacidade para definir uma especial forma de mentira que chamou de “a arte de mentir para si mesmo”. Segundo Uris esse talvez seja o mais terrível de todos os defeitos humanos (...).
Uma das piores formar de mendacidade é a adoção de certezas absolutas. O sentimento de certeza é o grande inimigo do verdadeiro conhecimento. Conhecimento é um processo, uma viagem em andamento, e não uma chegada. Pessoas que acreditam em suas certezas são capazes de qualquer atrocidade (...). Pelo fato de terem certeza de que estão com a razão, estas pessoas acham que podem justificar qualquer ato de crueldade. Ao passo que ao longo da história tem sido justamente aqueles que duvidam, aqueles que questionam as verdades estabelecidas, os grandes responsáveis pelo progresso da humanidade. Quem menos acha que sabe demonstra maior sabedoria, pois, na verdade, a única coisa que se pode realmente saber com certeza na vida é a profundidade da própria ignorância.
Esta noção não é nova, nem original de Uris, que apenas lhe deu um novo nome. Um século antes dele, o jornalista, também americano, Gamaliel Bailey (1807-1859) chamava atenção para esta idéia ao dizer que a pior de todas as fraudes é enganar a si mesmo.
Luiz Alberto Py
(Aline Espíndola)
Receita de arrumar gavetas
separe coisa por coisa:
de um lado o pólen do passado
as raízes do que foi importante
os retratos os bilhetes
os horários e chegada
de todos os navios-pirata
os sinos que anunciam
que há um amigo na estrada
do outro lado um espaço vazio
para o que vai acontecer
as surpresas do destino
os desatinos do acaso
Roseana Murray
(Aline Espíndola)
Dona Neusa disse:
- Ele sempre descontava em mim todas as suas frustrações. Eu dizia que me importava e ele me olhava com desdém, meio de rabo de olho. E gostava do meu sofrimento, acho que o fazia bem!
Eu nunca mais o vi, não tenho notícias não. Falaram que ele perguntou por mim, perguntou pela garota que gostava de chorar.
Disseram, diante da pergunta:
- Talvez, ela não gostasse de chorar, e sim gostasse de você!
(Aline Espíndola)
Somos, ainda, criadas para sermos boas esposas e boas donas de casa. Ganhamos menos, somos discriminadas e desvalorizadas. Temos uma lei que nos garante o direito de não sermos agredidas, pois, sem ela, não há a consciência desse direito. Somos, ainda, cerceadas em relação aos nossos desejos. Somos, ainda, mães potenciais, sem direito de escolha. Somos, ainda, cerceadas em relação às nossas escolhas. Somos, ainda. Porém, ainda!
"A igualdade de oportunidades para homens e mulheres é um princípio essencial da democracia. Gostaria muito que os pais e mães de meninas olhassem hoje nos olhos delas e lhes dissessem: SIM, a mulher pode!"
Dilma Rousseff, no primeiro discurso como Presidente do Brasil.
(Aline Espíndola)