sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Tête-a-Tête




Resolvi escrever hoje, sobre o livro mais apaixonante que li nos últimos tempos: “Téte-a-Tete”, de Hazel Rowley, que conta a história do casal Sartre e Beauvoir. Talvez não a mais romântica, não a mais sonhada, mas com certeza, uma grande história. “Exatamente o que Sartre e Beauvoir sempre quiseram que suas vidas fossem: uma grande história".

Associados com liberdade, deram as costas para sutilezas burguesas com brilhantismo, audácia e coragem. Muitas mulheres se apaixonarão por Beauvoir, eu, particularmente, me apaixonei por Sartre e toda a trajetória do casal. Temas como paixão, liberdade, jazz, filosofia, França, Nova York... Norteiam o livro. Grifei alguns trechos e, mesmo deixando este post longo, faço questão de registrá-los aqui, pois, para mim, são trechos que exigem reflexões, dignos de serem relidos por toda vida.

“O negócio é que preciso da violência de discussões ou da emoção das reconciliações para me sentir vivo. Ontem à noite, tivemos uma discussão terrível, mas valeu o esforço.”

“Sartre via o amor como uma batalha em que dois sujeitos livres tentam se apoderar cada um da liberdade do outro, tentando ao mesmo tempo se libertar do outro”.

“Era estranho ser amada e admirada por todas essas jovens, mas que, no fundo, sabia que não era a ela que elas amavam. O que desejavam era o reflexo que viam nela do próprio futuro. Estavam apaixonadas por sua liberdade”.

“Ela e Sartre não tiveram noites ardentes. Talvez a força da nossa relação física esteja diminuindo ligeiramente, mas acho que está ficando mais substancial”.

“Estava intimidado com sua capacidade intelectual; parecia que ela era capaz de falar analiticamente sobre a coisa mais insignificante”.

“Nunca a amei. Acho-a fisicamente agradável embora vulgar, todavia tenho um certo sadismo que foi atraído por sua vulgaridade”. Disse Sartre sobre uma de suas amantes, Wanda.

“Se tornar a encontrá-la, torno a encontrar minha felicidade e a mim mesmo”.

“Suas armas seriam palavras”.

“A relação de Sartre e Beauvoir terminara. Beauvoir tentava racionalizar: Existe o consenso de que, no homem, o hábito mata o desejo”.

“O inferno são os outros”. Sartre.

“A sociedade ainda não está pronta para a mulher livre. Ela vê que sua inteligência e independência intimidam o homem.”

“Via que o mau humor dele era defensiva. Gostava de pensar que era a única pessoa que o compreendia”

“Eu procurava Nova York e não conseguia encontrar”. As longas ruas retas pareciam todas iguais. “Nova York é para quem enxerga longe”, decidiu Sartre, quem pode focar no infinito”.

“Ele dizia as coisas mais extremas com a maior naturalidade. Seu humor falsamente simples animava muito as sessões”.

“A espontaneidade de Lanzmann me era estranha. No entanto, era pelos excessos que ele parecia próximo a mim”.

“Não, não era que ele amasse outra pessoa, mas algo morrera. Estava cansado de suas aparições só para tornar a partir”.

“Optando por escrever, Genet transformara aquilo em que os outros o haviam transformado em algo positivo. Era uma obsessão sartreana: a idéia da autoinvenção em face da humilhação e da estigmatização".

“Como o amor está proibido, decidi dar meu coração sujo a algo tão sacana quanto um homem: e me dei um belo carro preto”.

(Fabiana Carvalho)

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

O machismo feminino que, ainda, impera!


Esta é a bola da vez: Governo pede suspensão de comercial de lingerie com Gisele Bündchen. E são tantos os comentários. Em sua maioria maldosos e irracionais, e não há, de modo geral, a reflexão sobre uma questão maior: o papel da mulher na sociedade e na vida privada.

Durante anos e anos, ficamos à margem de uma sociedade machista que teima em nos deixar por lá. Conquistamos independência, financeira e sexual. E não necessitamos utilizar o sexo como moeda de troca, e sim para o nosso bel-prazer. Pagamos as nossas contas, bancamos as nossas dívidas.

Aline Espíndola