quarta-feira, 30 de junho de 2010

O poder do carisma e a emoção da singularidade


Gente, hoje trabalhei na cobertura de um evento que contou com a participação do nosso Presidente. E quero falar sobre o carisma e também do fato das pessoas se emocionarem ao estar perto de celebridades, obras de arte originais, determinados shows musicais, algumas obras arquitetônicas, e, no caso em questão, do Presidente da República. Olha, não sou petista roxa e nunca fui militante, mas ainda fico paralisada quando o nosso presidente discursa. Acho que não é à toa que o nosso País conquistou toda esta visibilidade mundo afora. Não estou aqui descartando o conhecimento ou o histórico profissional como princípios básicos que ajudam a definir o grau de competência de um governante, mas acho ,sim, que o carisma é importantíssimo para a fluência nas interrelações dos administradores da máquina pública e as consequentes gestões de suas políticas.

O carisma que Lula carrega em si é inquestionável, gostem ou não de seu governo. Agora estamos diante de presidenciáveis que nos embaralham em relação a várias características. Mas, de uma coisa tenho certeza: o carisma falta a todos eles. Espero que pelo menos nos surpreendam em outros aspectos para fazermos nossas avaliações e votarmos de forma consciente.

Em relação ao evento, achei interessante aqueles estudantes de medicina que formavam a plateia, ali, afoitos por uma foto com o Presidente. E aí me veio a questão da singularidade de pessoas e objetos. Eu já fiquei emocionada quando me deparei à primeira vez com uma obra de Van Gogh sem nem muito apreciar o estilo do artista. É inevitável sentir meus olhos brilharem ao passar em frente a uma loja da Louis Vuitton (resguardadas as devidas diferenças dos objetos comparados), rs.

Cheguei à conclusão de que singularidade, se tratando de gente ou de coisa, não significa precisamente qualidade, mas, sem dúvidas, seduz a sua maneira. Ah, já ia me esquecendo, quanto ao carisma, acho que é isso mesmo: Ou você tem ou você não tem. ;)

(Fabiana Carvalho)

terça-feira, 29 de junho de 2010

E, então, quando tudo acabar, a gente dança.



Et puis seulement quand c’est fini, alors on danse.


Alors on danse

(Fabiana Carvalho)

sexta-feira, 25 de junho de 2010

O Libertino


Quando vi que Johnny Depp era o protagonista de "O Libertino", logo me interessei. Adoro o jeito esquisitão, confuso e outsider dos papéis que costuma interpretar. Este é um filme que nos faz refletir sobre temas controversos como a boemia, o hedonismo, a liberdade, a hipocrisia da sociedade, a crise existencial, o amor incondicional, o discurso religioso, o incesto, a rejeição, o poder, a arte e a morte.

A fala do conde, que viveu para os impulsos dos sentidos, no começo e no final do filme é, para mim, o cerne do roteiro. Ele arremata o teor da película narrando diretamente ao telespectador:

E finalmente, ali ele jaz.

Eu não sabia me conter não é?
Dê-me vinho, eu bebo tudo
e jogo a garrafa vazia no mundo.
Olho a cabeça de um alfinete,
e vejo anjos dançando.
E então,
Gostam de mim agora?
Gostam de mim agora?
Gostam de mim...agora?

Vale a pena assisti-lo e observar os comportamentos de cada personagem que tipificam uma sociedade decadente e profundamente moralista.

(Fabiana Carvalho)

Rápido e Rasteiro

Vai ter uma festa
que eu vou dançar

até o sapato pedir pra parar.

aí eu paro
tiro o sapato
e danço o resto da vida.

Chacal

(Fabiana Carvalho)

quinta-feira, 24 de junho de 2010

“We no parla americano”


Já escrevi um post sobre este tipo de adaptação de músicas antigas com o house atual e não podia deixar passar esta. Gente, escutei esse hit na balada e curti demais. Uma amiga minha conseguiu descobrir a tal da música, me mandou e adorei ainda mais o vídeo.

O clipe é muito bem humorado, o protagonista tem um “quê” (meio forçado, mas tudo bem) de Chaplin. A cena dele correndo da polícia é ótima. E mais, o vídeo pode até não ser realmente cinema mudo, mas acaba virando, pois: “no parla americano”. A cara que a menininha das flores faz, pra mim é a melhor! Olha a mistureba: cinema mudo, roteiro engraçado e romântico, crítica ao capitalismo americano, letra antiga italiana, house contemporâneo mundial... Diria que é uma miscelânea adaptada diretamente dos “tempos modernos" para os "tempos modernos." É certo que vai bombar nas pistas, Brasil e mundo afora.

Os produtores australianos Yolanda Johnson Be Cool Peterson uniram-se com dcup e produziram o remix. A música original é um sucesso de Renato Carosone, entitulado Tu vuo´ fa´ l´americano. Renato foi um cantor, pianista e compositor italiano, um dos mais reconhecidos da música daquele país na segunda metade do século XX.

Acho que os dj’s poderiam aproveitar bem mais essa "nova" modalidade musical: house vintage. O termo vintage foi acolhido pelo mundo da moda para designar peças que marcam uma época, como roupas ou acessórios, que tal transportarmos o conceito ao mundo musical contemporâneo? Algo me diz que é a nova tendência.

Fica a dica.

Segue o link da música atual:
http://www.youtube.com/watch?v=LkjljBNTLs4

Segue o original:
http://www.youtube.com/watch?v=BqlJwMFtMCs

Post relacionado ao tema:
http://elaseetc.blogspot.com/2010/04/why-dont-you-do-right.html

(Fabiana Carvalho)

quarta-feira, 23 de junho de 2010

La cajita feliz


Gente, eu escutei uma música muito trash e ri demais, o que me fez refletir sobre as coisas bobas da vida. Meio estranho isso, né? Refletir sobre o bobo, mas é isso mesmo. Rir de coisas tolas é, essencialmente, importante para não se perder a leveza. E é ela que me dá o gás da reflexão. Fico tão feliz quando me deparo com algo que de cara me soa ridículo e brega, e me vejo caindo na gargalhada. Isso, pra mim, significa que, mesmo “apesar de”, sou capaz de ser feliz com o que há de mais simples.

Cara, eu fiquei escutando a tal musiquinha um tantão de vezes e caía na risada. Se sou tola? Sei lá. O fato é que achei engraçadíssima. É uma “cumbia villera”, um ritmo da vila , como o próprio nome diz, da Colômbia, que faz a cabeça do povão latino. Ah, adorei. O cantor fala que compra uma caixinha feliz do Mc Donalds e não vem nela: batata frita, nem maionese, nem hamburguer... E que isso o deixava louco! Gente, há coisa que dá mais raiva do que pegar aquele saquinho do Mc Donald’s morrendo de fome e faltar catchup, maionese ou batata? Mas a caixinha tá ali dizendo: SEJA FELIZ! E a surpresa? Não sei vocês, mas quantas vezes eu me frustrava com as surpresas da caixinha feliz. Será assim a vida? É, talvez ela seja mesmo uma "cajita feliz", mesmo trazendo consigo a falta de um barbecue ou de uma boa surpresa. Tudo bem, que ainda sejamos capazes de rir dela!

Segue a musiquinha ridícula e engraçada:


http://www.youtube.com/watch?v=yzT6CLCLL6Y


(Fabiana Carvalho)


Ela me conhece bem!


“Exagerada toda a vida: minhas paixões são ardentes; minhas dores de cotovelo, de querer morrer; louca do tipo desvairada; briguenta de tô de mal pra sempre; durmo treze horas seguidas; meus amigos são semi-irmãos; meus amores são sempre eternos e meus dramas, mexicanos!”

(Fabiana Carvalho)

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Morre, aos 87 anos de idade, um gênio!



José de Sousa Saramago foi escritor, jornalista, dramaturgo, contista, romancista e poeta português. Recebeu o prêmio Nobel de Literatura de 1998, assim como Prêmio Camões, o mais importante prémio literário da língua portuguesa. Saramago foi responsável pelo reconhecimento internacional da prosa em língua portuguesa.
Nasceu em 1922, filho de pais analfabetos. Humanista, inconformado e defensor da liberdade do homens, Saramago era engajado política e socialmente, especialmente, em favor dos direitos humanos. Enfrentou forte perseguição religiosa com o lançamento do livro "O Evangelho Segundo Jesus Cristo", em 1991, o que provocou a sua mudança de Portugal para a Espanha. Saramago, no entanto, jamais renegou a sua Pátria e a sua Língua, e sim o governo do seu País.
Há ocasiões que é mil vezes preferível fazer de menos que fazer de mais, entrega-se o assunto ao governamento da sensibilidade, ela, melhor que a inteligência racional, saberá proceder segundo o que mais convenha à perfeição dos instantes seguintes.
José Saramago

(Aline Espíndola)

O meu caminho!



"Não sei, deixo rolar. Vou olhar os caminhos, o que tiver mais coração, eu sigo."

Caio Fernando abreu


(Aline Espíndola)

terça-feira, 15 de junho de 2010

Liberdade ou insanidade?!

Em uma tarde de domingo, numa mesa de um restaurante com vista para o lago (com voz, violão e centenas de pessoas em volta, e uma tulipa cheia de chopp gelado) formou-se um cenário que me fez mergulhar em um diálogo polêmico (conversas de bar, para mim, são raras vezes produtivas, mas, esta, inesperadamente, foi).

Eu sou do tipo de mulher apoiada em extremos que adora essas situações que inevitavelmente se harmonizam de um jeito desequilibrado: massa com psicologia, axé com debate, house com introspecção...rs. E então, deixei claro que tudo que toca à liberdade me atrai. A busca por ela não é nada fácil. Liberdade às amarras do que os outros esperam de você. Liberdade em relação às conveniências sociais sobrepostas aos seus reais anseios e desejos. Ah, almejada liberdade.

Fui confrontada com a seguinte afirmação (levando em conta a importância e conhecimento da pessoa que a disse): Cuidado! Liberdade é sinônimo de loucura. Pensei "n" coisas. Será mesmo sinônimo? Para mim, a insanidade no seu significado mais real está ligada a total falta de percepção ou diferenciação da realidade e do que não é. E essa diferenciação eu ainda sei fazer muito bem.

Fiquei com aquilo na cabeça. Pensei, então: quem busca a liberdade é um louco? Eu, por exemplo, busco a loucura porque busco liberdade? Bem, enquanto não descrevo uma óbvia resposta para o mundo, encerro o texto com uma frase de Clarice Lispector:

"Liberdade é pouco, o que eu quero ainda não tem nome."

(Fabiana Carvalho)

terça-feira, 8 de junho de 2010

"Você acha que eu sou louca?"


Não posso dizer que “Alice, no País das Maravilhas” tenha sido realmente “maravilhoso”. Ele entraria pra mim, no rol dos filmes interessantes. Bom? Ruim? Humm, interessante mesmo.

O que mais me atraiu na adaptação da obra de Lewis Carrol (escrito na Inglaterra em 1865) foram as metáforas filosóficas que nortearam todo o enredo. As mensagens subliminares escondidas em cada episódio prenderam minha atenção, visto que senti falta de um ritmo no decorrer da história. O melhor de Tim Burton, sem dúvida, está nos detalhes.

Não sou psicóloga nem nada, mas atrevo-me a falar, sem muita propriedade, sob uma ótica pisicanalítica de alguns de seus personagens que merecem destaque: o chapeleiro (Johnny Depp) cuja maior maluquice é a extrema racionalidade, a ponto de fingir-se de louco quando lhe é conveniente. E Depp ajuda em muito na qualidade do elenco com seu misto de ternura e loucura. Além de metáforas, Buttom trabalha com paradoxos: seus monstros têm coração, seus loucos, lucidez. Um destaque à parte para a Rainha Vermelha (Helena Bonham-Carter), histérica e cheia de obsessões regida pelo lema “é melhor ser temida que amada” (quem não conhece gente assim?), é dona de um carisma atormentador e arrasa no papel. A personagem de Rainha Branca de Anne Hathaway me dá preguiça, é excessivamente bondosa e a forçação na “leveza” da personagem chegou a soar falso e me irritar.

Quanto à Alice, ela é linda, transparece doçura e inteligência, mas ainda assim, um pouco insossa. Adoro as variações de tamanho dela que geram muitas trocas de figurinos. Sem contar as mensagens subliminares que vêm dessas variações, ora minúscula e insignificante, ora gigantesca, desproporcional e, sempre, inadequada.

Ah, logo no começo do filme Alice dá uma "dentrasso": "Se decidissem que é adequado usar um bacalhau na cabeça, você usaria?". Para mim, muitas coisas são como um bacalhau na cabeça, ponto pra Alice. Mandou outra: "Esse sonho é meu, só meu. Ninguém pode me dizer o que fazer no meu sonho: a decisão tem que ser só minha!", mais um ponto pra ela!

Acredito que exista uma “alice” adequada a cada senso crítico ou idade do telespectador. Por isso vale à pena assisti-lo, seja por puro entretenimento, seja por reflexão. Sabemos que, no nosso mundo, sempre há lugar para as coisas aparentemente sem sentido, e recheadas de significados. Confesso que me identifiquei com Alice em muita coisa. Também na relação afetiva que tinha com o seu pai que lhe entendia no olhar (P.S.: Saudade...). Encerro o texto com um diálogo entre eles:

" Você acha que eu sou louca? - Hum, acho que sim. Você é louca, louquinha, mas vou te contar um segredo: as melhores pessoas são!"

(Fabiana Carvalho)

segunda-feira, 7 de junho de 2010

O fascínio do “SERÁ”


Nesta semana, assisti ao filme Sex and the City 2, adorei! Então, veio à tona uma questão curiosa sobre o tesão, o estímulo e a busca contínua de conquistas do ser humano e a sua recorrente sede pela satisfação dos desejos. A Carrie, não muito bonita, mas charmosíssima, autêntica e talentosa arrasa no papel e nas suas relações. Depois de tanta luta nos episódios da série, tantos encontros e desencontros com o Mr. Big, ela, enfim, consegue consumar a relação e se inserir no rol das mulheres casadas e, melhor, com o grande amor da sua vida! Sorte de poucos.


Mas, onde quero chegar? No filme, em uma viagem pelos Emirados Árabes, ela é surpreendida pelo aparecimento repentino de um ex-namorado, o Aidam. Paremos aqui! Gente, o que é este homem no filme? Sem palavras, incrivelmente sexy e lindo. E o que era o Aidam durante a série? Era apenas um cara bonitinho, sem um pingo de sex appeal, talvez, porque ele cumpria o script conforme o planejado? Ou porque falava eu te amo sem esforço? Ou porque não atrasava um minuto sequer para encontrá-la? Ah, talvez porque comprou o anel de noivado e declarou-se sem a menor dúvida. Levou um pé na bunda da Carrie, mas mesmo assim não deixava de externar seu sofrimento e admiração.

E o Mr. Big? Sempre confuso, indeciso, ou seja: o Será! Uma relação complicada que inspirava Carrie em suas colunas sobre comportamento e relacionamentos. O SERÁ lhe doía. Quantas e quantas vezes, motivada pelo SERÁ, Carrie se entregava apaixonadamente ao Big. SERÁ que ele vai ao encontro das minhas amigas? SERÁ que ele me acompanhará no casamento de uma delas? SERÁ que minha escova de dentes na casa dele significa algo? O SERÁ, enfim, foi substituído pelo almejado SIM. E O SERÁ virou certeza. E a certeza não fascina. E aí o Aidam reaparece com um SERÁ fascinante, irresistível! Carrie preferiu o SIM, isso mesmo, aquela tal certeza que já não fascina. Mas foi inegável a força do sutil surgimento do SERÁ. O sim é mesmo melhor! Será?

(Fabiana Carvalho)