segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Como não se apaixonar?


Como não se interessar pela história de uma mulher que seduziu homens contemporâneos como Rilke, Nietzsche, Paul Rée, Tausk... Não deixando nem Freud de fora, que não escapou de seus encantos apelidando sua discípula de “raio de sol”.

Lou Andreas-Salomé foi uma mulher irreverente e fascinante que viveu entre 1861 e 1937 com uma intensidade infinita. A própria vida de Lou daria um romance. Autora de vários ensaios, poesias e peças de teatro, tinha uma enorme capacidade intelectual que a levou a ousar ser diferente numa época em que muito pouco era permitido às mulheres.

“O sol se levantava quando Lou entrava numa sala" disse a escritora Helena Klinkberg. Era um ser luminoso, transparente e lúcido, um ser humano para quem a felicidade é condição natural e destino do homem: "dentro da felicidade eu estou em casa", afirmou Lou. E ainda: "A única perfeição é a alegria". Essa paixão pela vida, ela a transmitia aos outros, fazendo com que as pessoas ao seu contato desenvolvessem e dessem o melhor delas próprias.

Triângulos amorosos, um casamento de fachada e uma imaginação ilimitada levaram esta mulher a viver fora do seu tempo e a não rejeitar nenhum aspecto de sua apaixonada vida. Copiou dos homens o modo de vida, mas não foi uma mulher masculina. Exigiu a liberdade de mudar, evoluir, crescer. Afirmou sua integridade contra o sentimentalismo e as definições hipócritas da fidelidade e do dever. Ela é excepcional na história de sua época. Não foi uma feminista, de modo algum, mas lutou contra o seu lado feminino para manter a integridade como indivíduo.

Uma mulher que viveu fora do seu tempo e que não rejeitou nenhum aspecto da sua apaixonada vida.

“Ouse, ouse... ouse tudo! Não tenha necessidade de nada! Não tente adequar sua vida a modelos, nem queira você mesmo ser um modelo para ninguém. Acredite: a vida lhe dará poucos presentes. Se você quer uma vida, aprenda... a roubá-la! Ouse, ouse tudo! Seja na vida o que você é, aconteça o que acontecer. Não defenda nenhum princípio, mas algo de bem mais maravilhoso: algo que está em nós e que queima como o fogo da vida!”

"Assim, para quem ama, o amor, por muito tempo e pela vida afora, é solidão, isolamento, cada vez mais intenso e profundo. O amor, antes de tudo, não é o que se chama entregar-se, confundir-se, unir-se a outra pessoa. (...) O amor é uma ocasião sublime para o indivíduo amadurecer, tornar-se algo por si mesmo, tornar-se um mundo para si, por causa de um outro ser: é uma grande e ilimitada exigência que se lhe faz, uma escolha e um chamado para longe."

Lou Andreas Salomé

“Tapa-me os olhos: ainda posso ver-te
Tapa-me os ouvidos: ainda posso ouvir-te
E mesmo sem pés posso ir para ti
E mesmo sem boca posso invocar-te.
Arranca-me os braços: ainda posso apertar-te
Com meu coração como com a minha mão
Arranca-me o coração: e meu cérebro palpitará
e mesmo se me puseres fogo ao cérebro
Ainda ei de levar-te em meu sangue.”

Escreveu Rilke inspirado em Lou.

(Fabiana Carvalho)

Um comentário: