sexta-feira, 9 de março de 2012

A vida das musas


Lee Miller toma banho em banheira na casa de Adolf Hitler, em Munique.
(David E. Scherman/Time Life Pictures/Getty Images)


Aproveitando a lembrança do Dia das Mulheres, comemorado ontem, 8 de março, resolvi destacar aqui, o livro “Vida das Musas” que conta, em pequenas biografias, sobre a vida de nove mulheres (Hester Thrale, Alice Lidell, Elizabeth Siddal, Lou Andréa-Salomé, Gala Dalí, Lee Miller, Charis Weston, Suzanne Farrell e Yoko Ono ) que inspiraram grandes artistas da época.

O livro questiona o que leva uma mulher à condição de musa inspiradora de gênios como Lewis Carrol, John Lennon, Sigmund Freud, Nietzsche, Rainer Maria Rilke, Man Ray, Salvador Dalí? A autora Francine Prose investiga as histórias destas mulheres, para responder à questão e elaborar um conceito de "musacidade". Todas têm em comum relações afetivas intensas, apaixonadas, explosivas.

Cada história mais fascinante e instigante do que a outra. Uma delas, a da americana Lee Miller (1907-1977), uma mulher irrequieta, por exemplo, encheu-me de encantamento e admiração. Nos anos 20, ela foi uma das primeiras modelos a aceitar fazer campanhas publicitárias de lingerie e, de maneira ainda mais ousada, de absorventes femininos.

Lee não se contentou em posar. Interessou-se pela prática da fotografia a tal ponto que, em 1929, viajou a Paris com o objetivo de conhecer e trabalhar com o fotógrafo Man Ray – um dos mais importantes artistas do surrealismo. Ela, literalmente, bateu à porta de Ray e se ofereceu como assistente. Conseguiu o emprego, virou pupila, modelo e amante do fotógrafo.

Nos anos 30, Lee passou algum tempo longe da fotografia, depois de se casar - não com Ray - e se mudar para o Egito. No começo dos anos 40, ela retomou seu contato com a Vogue e acabou por cobrir a 2ª Guerra para a edição inglesa da revista. Depois do fim da guerra Lee voltou à moda, tema sobre o qual publicou dezenas de reportagens e editoriais.

Uma das fotos icônicas da vida de Lee Miller a tem como modelo. A imagem foi feita no final da 2ª Guerra, pelo fotógrafo David Scherman, da Life. Trata-se de um dos banhos mais memoráveis da história: Lee Miller na banheira de Adolfo Hitler, na casa do ditador em Munique.

(Fabiana Carvalho)

3 comentários:

  1. Parabéns pela sua fidelidade e permanência no blog. Sempre tem um post interessante, com pensamentos e sentimentos sinceros e inteligentes. Gosta de escrever sobre o "humano" e sobre o "desumano", sobre o amor e o desamor... Uma alma verdadeiramente sensível que também gera encantamento e admiração. Obrigada pelas dicas de leitura!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Verdadeiramente emocionada com suas palavras. Pessoas que dão valor e observam o outro de maneira "bonita, elegante e sincera" é coisa rara, e sempre muito bem-vinda por aqui. Bjo! Fabiana

      Excluir