segunda-feira, 8 de março de 2010

Hedonista, eu?!

Eu prefiro na chuva caminhar,
que em dias tristes em casa me esconder
Martin Luther King Junior


Ao conversar com um amigo, ele me deu sua opinião sobre o blog e sobre o fato de duas personalidades tão diferentes o construírem. E assim nos classificou: "Fabiana - hedonista e Aline - sonhadora". Fiquei um tanto perplexa diante de sua classificação. Mas acredito que, em parte, ele tenha razão. O wikepedia assim define o hedonismo: “hedonismo (do grego hedonê, que significa prazer) é uma teoria ou doutrina filosófico-moral que afirma ser o prazer o supremo bem da vida humana.” Bem, se esta fosse a única definição de hedonismo eu não teria aceitado a opinião de meu estimado meu amigo (a quem devo respeito por sua sensibilidade e inteligência).

Busquei em outros textos explicações em torno de seu significado e vi que o hedonismo pode ser uma forma de sair de uma existência monótona e não criadora. Que uma pessoa hedonista preocupa-se com o outro, e que sua felicidade pessoal implica a felicidade dos outros. Este é um hedonismo que nega a vida triste e de sofrimento como algo adquirido, mas que vê este sofrimento e esta tristeza como grilhões que o homem deve quebrar. Ser hedonista é buscar a beleza em todas as coisas, desde as grandes obras ao mais simples movimento de uma folha ao vento. Bem, sob esta ótica, sim, considero-me uma pessoa hedonista.

Muitas visões sobre esta filosofia estão sobre a palavra prazer. Eu, Fabiana, acredito que os prazeres da vida são a melhor forma de curti-la. Mas tenho plena consciência de que a felicidade não está aí. Ainda não sei realmente o que é felicidade, às vezes a confundo com paz de espírito, mas jamais com prazer. Na minha concepção, a pessoa que busca no prazer, a tal felicidade, tende a surtar. Ou se isto não acontecer, ela é, no mínimo, superficial, e de fato nem reconhece a sua falsa felicidade. A minha consciência de que, assim como “a beleza morre na beleza”, o prazer, também “morre” no prazer, não me deixa deslumbrar em torno de ilusões que nos traz à realidade iminente, e que é dura.

Não escrevo aqui para ditar o que é certo ou o que é errado, e nem muito menos descrever a tão sonhada “receita da felicidade”. Mas diante de um mundo tão cheio de problemas eu, euzinha, opto pelo prazer como forma de catarse e de reconhecimento de pequenas ou grandes maravilhas. Aprecio o barulho da chuva, a dança do vento, o cheiro de terra molhada, o sorriso de um ser humano conhecido ou desconhecido, a gratidão de um ser amado. Opto por alegrar-me com um pequeno agrado, por agradar alguém, com a beleza das flores, encantar-me com o pôr-do-sol, comer um brigadeiro de panela assistindo a um programa bobo de TV. Ah, mas desfruto intensamente de uma noite regada à bebida e música eletrônica, de um passeio de lancha no lago, de um hotel de luxo em qualquer lugar deste mundo, de comer o que há de melhor, de apreciar o design moderno de ambientes e as maravilhas feitas por artistas reconhecidos (ou não). Como é bom ver e sentir a beleza e ter prazer nas coisas, das mais simples ao que se há de mais “supérfluo”, e o melhor, ter consciência de seu começo, meio e fim.

A vida pós-moderna exige muito da gente: competitividade, ganhar dinheiro, ficar linda o tempo todo... Ufa! Tudo isso gera muita angústia, ansiedade, dor, até chegar na tal depressão. E é por isso que busco olhar a vida com mais simplicidade e sensibilidade. Se isso tudo que falei estiver encaixado no que se refere aos prazeres da vida, posso escrever em um rótulo (que nossa sociedade adora) e pregar no peito: Sim, sou hedonista! Mas ainda acredito que o mais belo da vida esteja no verdadeiro e íntimo sentimento humano.

Ser hedonista pode não ser um caminho para a felicidade, mas com certeza um grande atrevimento em busca do bem-estar. Lembrando: bem-estar, este, passageiro, mas deliciosamente intenso.

Fabiana Carvalho

4 comentários:

  1. Ando me lembrando de uma aula de psicologia que tive ano passado.
    A introdução da aula era um video com um trem.
    O vídeo falava dos passageiros que embarcavam e desembarcavam ao longo das várias plataformas. O trem da vida.
    Nele a gente embarca no momento em que nascemos e temos um destino final. Só que ao longo dessa viagem nós conhecemos muitas pessoas e infelizmente elas não desembarcam na mesma plataforma que a gente. Umas desembarcam antes, outras depois. Mas todas "curtem" o passeio. Durante a viagem , eu me sentei ao seu lado em vários momentos.
    Aprendi a ter fé e a não me entregar nas dificildades.
    Aprendi a importância de ter uma familia.
    Aprendi amar e a me deixar ser amada.
    E hoje eu me sinto completa.
    Hoje vejo que não posso deixar os nossos laços se acabarem e deixar as oportunidades passarem.
    Afinal, eu não quero chegar no final da minha viagem, sem ter te aplaudido e te abraçado inumeras vezes!
    Por isso, sinta-se sempre aplaudida e abraçada por mim.
    TODOS OS DIAS, mesmo quando eu não esteja presente.
    Pois, você foi uma das pessoas que mais me deu orgulho nesse trem.
    E eu quero você como guia pra sempre.
    Afinal, está sendo maravilhoso descobrir lugares, pessoas e momentos.
    E eu devo muito disso à vc.

    Que a nossa viagem seja a melhor de todas enquanto viajar-mos juntas.

    TE AMO!

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  2. Acho que o hedonismo é um estilo de vida, não uma característica - escolhe quem quer... e tem coragem! De fugir de um mundo cinzento, de ver a vida com outros olhos, de sorrir mais, de fazer mais... Basta apreciar com moderação e esse pode ser um dos jeitos mais legais de passar pelos dias!

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  3. Biba, gostei de sua reflexão, gostei do texto, gosto de você. bjs da Lou

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  4. Hmmm... é, viver é tatear na escuridão, né?

    A igreja prendeu nossas almas, nos fez refém da culpa.

    Mas fomos criados pra sermos felizes. A merda foi a expulsão do paraíso, quando fomos condenados a sofrer no parto e a trabalhar por nossa sobrevivência.

    Mas tempos depois veio nosso amiguinho Marx e disse que o trabalho é a realização do homem. E um pouquinho depois veio o Freud e viu altas coisas de freios, muitas correntes em nós mesmos.

    E veio etb o Sartre e disse que a vida não tem sentido. Mas que precisa ter!!!

    E aí eu acho que é isso. Viver nesse mundo, estar aqui nesse curto período de tempo. Só nos é dada uma chance pra praticar o bem, fazermos o certo e ainda por cima, sermos felizes!! é muita coisa!!!

    Continue com seu blog, eu venho muito aqui. Continue tateando pela sala da vida. Alguns conseguem achar o interruptor. Porque não a gente também?

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