sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Alegria de ser


Olhar-se ao espelho e dizer-se deslumbrada: Como sou misteriosa. Sou tão delicada e forte. E a curva dos lábios manteve a inocência. Não há homem ou mulher que por acaso não se tenha olhado ao espelho e se surpreendido consigo próprio. Por uma fração de segundo a gente se vê como a um objeto a ser olhado. A isto se chamaria talvez de narcisismo, mas eu chamaria de: alegria de ser. Alegria de encontrar na figura exterior os ecos da figura interna: ah, então é verdade que eu não imaginei, eu existo.


Clarice Lispector

Pra você, Biba!

Um comentário:

  1. Ô! Aline querida!!! Que interessante esta análise da Clarice sobre o próprio ser. E como ela própria diz: "sou um mistério para mim". E aqui vou eu, a cada instante, alegremente, me redescobrindo nos ecos, no que dizem e em persistentes tentativas desastrosas de tentar ser quem realmente sou. Quem sabe um dia eu seja! Adorei!

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