sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Realidade ou fantasia?


Demorei pra assistir, mas ontem consegui alugar o filme indicado por uma amiga: Vicky Cristina Barcelona. Bem interessante! Os quatro protagonistas são absolutamente charmosos e diferentes. Vicky (Rebecca Hall) tem um noivo (pense naqueles carinhas sem graça, com camisas Lacoste e Tommy e casaco amarrado no pescoço, aff!), com quem mantém um relacionamento carinhoso e sólido, embora sem grandes alvoroços, e é o que ela (aparentemente) quer. A impulsiva Cristina (Scarlett Johansson) não sabe o que quer, mas sabe que não quer: exatamente o que Vicky vive (qualquer semelhança, mera coincidência). As duas amigas americanas estão em Barcelona de férias. Lá conhecem o pintor Juan Antonio (Javier Bardem - charmosíssimo e interessantíssimo, aliás!) que acredita no amor livre e sem rodeios.

Ao passo que Cristina se interessa por Juan, Vicky sente repulsa, mas as duas são envolvidas por ele. Até que entra em cena a problemática ex-mulher do artista, a também pintora Maria Elena (Penélope Cruz), para balançar o coreto. Além do olhar de turista sobre as maravilhas de Barcelona, o filme tem as qualidades que Allen costuma imprimir em seus filmes: diálogos espirituosos, observações afiadas sobre a arte e a cultura e um elenco inspiradíssimo.

Quem rouba a cena é Penélope Cruz no papel de Maria Elena, um furacão que desarruma a história para o bem do filme, que se torna irresistível com sua aparição. Algumas frases do filme me intrigaram: “É engraçado. Maria Elena e eu somos feitos um para o outro e não feitos para estarmos juntos. É uma contradição. Para entender, é preciso ser um poeta, como meu pai, porque eu não consigo." - “Nosso amor, nosso amor é eterno mas não dá certo. É por isso que será sempre romântico, porque não pode ser completo.”- “Ela é uma pseudo intelectual autodestrutiva” - “Ela não sabe o que quer, mas sabe o que não quer”.

Parece que Woody Allen pergunta a você com este filme, como uma provocação, dita em uma das entrevistas de seu livro “Conversas com Woody Allen”, na qual ele diz:


“A minha percepção é que você é forçado a escolher a realidade em vez da fantasia. E que a realidade acaba por machucar a gente, e que a fantasia não passa de loucura."


(Fabiana Carvalho)

3 comentários:

  1. E que a fantasia não pode se transformar em realidade!

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  2. Às vezes, a realidade é que parece mais irreal do que a fantasia... Adorei o texto, me deu vontade de ver o filme!

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