terça-feira, 8 de junho de 2010

"Você acha que eu sou louca?"


Não posso dizer que “Alice, no País das Maravilhas” tenha sido realmente “maravilhoso”. Ele entraria pra mim, no rol dos filmes interessantes. Bom? Ruim? Humm, interessante mesmo.

O que mais me atraiu na adaptação da obra de Lewis Carrol (escrito na Inglaterra em 1865) foram as metáforas filosóficas que nortearam todo o enredo. As mensagens subliminares escondidas em cada episódio prenderam minha atenção, visto que senti falta de um ritmo no decorrer da história. O melhor de Tim Burton, sem dúvida, está nos detalhes.

Não sou psicóloga nem nada, mas atrevo-me a falar, sem muita propriedade, sob uma ótica pisicanalítica de alguns de seus personagens que merecem destaque: o chapeleiro (Johnny Depp) cuja maior maluquice é a extrema racionalidade, a ponto de fingir-se de louco quando lhe é conveniente. E Depp ajuda em muito na qualidade do elenco com seu misto de ternura e loucura. Além de metáforas, Buttom trabalha com paradoxos: seus monstros têm coração, seus loucos, lucidez. Um destaque à parte para a Rainha Vermelha (Helena Bonham-Carter), histérica e cheia de obsessões regida pelo lema “é melhor ser temida que amada” (quem não conhece gente assim?), é dona de um carisma atormentador e arrasa no papel. A personagem de Rainha Branca de Anne Hathaway me dá preguiça, é excessivamente bondosa e a forçação na “leveza” da personagem chegou a soar falso e me irritar.

Quanto à Alice, ela é linda, transparece doçura e inteligência, mas ainda assim, um pouco insossa. Adoro as variações de tamanho dela que geram muitas trocas de figurinos. Sem contar as mensagens subliminares que vêm dessas variações, ora minúscula e insignificante, ora gigantesca, desproporcional e, sempre, inadequada.

Ah, logo no começo do filme Alice dá uma "dentrasso": "Se decidissem que é adequado usar um bacalhau na cabeça, você usaria?". Para mim, muitas coisas são como um bacalhau na cabeça, ponto pra Alice. Mandou outra: "Esse sonho é meu, só meu. Ninguém pode me dizer o que fazer no meu sonho: a decisão tem que ser só minha!", mais um ponto pra ela!

Acredito que exista uma “alice” adequada a cada senso crítico ou idade do telespectador. Por isso vale à pena assisti-lo, seja por puro entretenimento, seja por reflexão. Sabemos que, no nosso mundo, sempre há lugar para as coisas aparentemente sem sentido, e recheadas de significados. Confesso que me identifiquei com Alice em muita coisa. Também na relação afetiva que tinha com o seu pai que lhe entendia no olhar (P.S.: Saudade...). Encerro o texto com um diálogo entre eles:

" Você acha que eu sou louca? - Hum, acho que sim. Você é louca, louquinha, mas vou te contar um segredo: as melhores pessoas são!"

(Fabiana Carvalho)

3 comentários:

  1. "KARALHO", como escreve bem ... as vezes acho q tô vendo vc falar ( transcreve o q pensa, o q sente), outras vezes me dou conta de como vc é detalhista e observadora, e muitas outras, como o tema dos seus textos são diversos! Vai amiga, ARRASA!

    bjooooo

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  2. Oi Biba, concordo em gênero, número e grau com sua análise do filme. Faço minhas as suas palavras. Qto a Rainha Branca, ela é realmente irritante. Aliás, todo tipo muito bonzinho acaba sendo. bjs da Lou

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  3. Bom assisti o filme e acredito que seja muito mais que isso, pois as mensagens do filme são" acredite em vc!, pois de sabio e louco todos temos um pouco, Alice no pais das maravilhas mostra o quanto um ditador(governate, Rei, etc.) pode perder o poder, se o povo perde o medo, pois ela governava pela força, o oposto da Rainha Branca, fora que o Glorian Day, é praticado num tabuleiro de xadrez, onde a estratégia mais poderosa que a força , ego ou arrogancia.
    e as equipes são formadas por duas cores, com seus respectivos reis rainha torres , bispos, e cavalo, Gostei muito do seu post.Abraços

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