quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Mamãe quer que eu case!

Quando se está chegando na casa dos 30 o inferno social brota de forma avassaladora. A confusão mental está solta. Mamãe quer que eu case! Mas, foi ela mesma que, além de aplaudir de pé, orgulhosamente, as mulheres que queimaram sutiãs em busca de igualdade, me ensinou, durante o seu tempo de submissão e dona-de-casa, que é preciso trabalhar, ter o próprio dinheiro, conquistar a independência, sair de casa, conhecer o mundo, conhecer pessoas e ter uma vida interessante. Mas, e as conseqüências? Não, ela não sabia, nem de ouvir falar, que depois de cumprido parte do ritual, a experiência acarretaria vasta aprendizagem em se impressionar e se apaixonar por lugares e pessoas “interessantes” (não sei dizer bem o que as aspas significam, mas acho que a definição se encaixa).

Agora a sociedade muda as regras do jogo e retroage dizendo: Revolução feminista? Revolução sexual? Ah, esqueça tudo e preencha aqui ó: RG-CPF-Estado civil: casada-feijão-com-arroz-com-o-primeiro-que-te-assume-perante-a- família, um, dois, três e seja feliz já. Aquele sininho do coração? Borboletas no estômago? Pupilas dilatadas? Ah, coisa de gente sensível, de poetas. Tudo bobagem! Retruco: “e o que sinto”? E a sociedade assertivamente responde: esqueça! Experimentos não significam nada. A confusão se estabelece.

Fico com aqueles que sonham acordados (não com o príncipe encantado, pois de fato não existem) com um relacionamento por afinidades. Ainda acredito que haja felicidade no casamento sim, ainda que não seja uma meta e muito menos solução pra nada. E vibro com aqueles que conseguem ver no casamento um ato de amor mútuo, e não apenas de convenção social. Reitero: fico com os sonhadores.

Agora, seria uma falsidade da minha parte se eu não concordasse que no mercado sobra mulheres interessantes disponíveis e falta homens - friso: interessantes - disponíveis. Mas, endosso que há homens disponíveis, que não nos interessam! E não ousem perguntar o porquê.

Não me sucumbo à mediocridade da carência afetiva feminina nata e aprovação social para namorar o namoro, e não o namorado. Amor não se “arranja”, acontece ou não (isso mesmo: “ou não”). Namorar, amar e construir junto não há pressa e nem idade certa. As pessoas não entendem. Mas não estou disposta a brigar com o mundo. Convenço-me, enfim. Peço a Deus muita persistência e paciência para lidar com a troca circunstancial da “vida-padrão-da-sociedade-dita-feliz” pela vida “interessante” (novamente as aspas) que escolhi, na esperança de que ela me conduza a uma vida FELIZ (de fato e em caixa alta). Caso não ocorra, prefiro viver interessantemente.

P.S.: Mãe, a culpa não é sua. Nem você sabia!

(Fabiana Carvalho)

4 comentários:

  1. Escolhemos o caminho mais árduo porém único, e quando digo único quero dizer FELIZ, o único caminho de se viver FELIZ!

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  2. MUUUUUITO bom. Mais uma vez, concordo com tudo! Aff, será q vc psicografa? hahah bjo

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  3. Adorei seu texto, parece que pensamos o mesmo!!! Amor não se define por padroes sociais-religiosos.
    Beijos

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