quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Tempinho bom

Escutei da minha irmã, “a infância é uma fase onde não há tempo para a tristeza. É por isso que você insiste em ser essa meninona, né??? Tive que concordar (rsrsrs). O assunto me fez pensar naqueles momentos inesquecíveis de minha infância. Acho que quando crianças, apesar dos insaciáveis desejos por brinquedos caros e artigos da moda, somos exímios contempladores da beleza e da graça da simplicidade.


Lembro-me com saudade, das contas penduradas nas “vendinhas” das esquinas da escola e de casa. Aliás, três contas, a dos “din-dins e laranjinhas” (nunca mais vi nenhum dos dois), a dos salgadinhos com “baré” ao lado da escola e a das guloseimas da padaria em que “buscar pão” era só uma desculpa.

Tenho saudade daquelas dúvidas inocentes que me inquietavam e faziam minha mãe rolar de rir, como “por que milho verde é amarelo?”, do trocar das letras das palavras que viravam repetitivas chacotas nas rodas da família como “quero picoca”. Saudade da inocência maldosa capaz de colocar os adultos em “maus lençóis”. Saudade da algazarra no microônibus na volta do colégio, das mãos cheias de calos por brincar de “bete” com garrafas pet na rua.Tenho saudade de programas de humor como a TV Pirata que fez a minha alegria na década de 80 com um humor original e sem soar piegas ou mesmo apelativo, e que não utilizavam ofensas a figuras públicas como meio de fazer rir.Saudade de novelas como "A gata comeu" ou "Vamp" que conseguiam realmente mexer com a imaginação. De ganhar muitos ovos de páscoa e acreditar em papai Noel.

Há cheiros, cores e sabores da infância que se eternizam na memória adulta. Ficam impregnados na gente, e, quando, por acaso encontramos com eles de novo, somos invadidos por uma nostalgia misturada de mágoa daquilo que já foi e, infelizmente, não poderá mais ser.
Cora Coralina



(Fabiana Carvalho)

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