Gemada

Hoje acordei em lágrimas com a notícia da morte de uma pessoa querida, Dione. Ainda no “prézinho”, Dione me buscava no colégio e, em troca de deveres-de-casa bem feitos, me oferecia um delicioso copo de gemada. “Gemada? O que é isso?” Engana-se quem pensa que eu não gostei. Deliciosa descoberta. Era uma alegria aprender. Também houve um dia, me lembro bem, fui presenteada com uma caixa de lápis de 36 cores, não era de 24! E aquilo fazia toda a diferença pra mim.

Outra cena que me lembro como se fosse hoje, foi de ter observado uma linda ilustração na capa de uma cartilha. Havia o desenho de uma mocinha linda, loira com as bochechas bem ruborizadas, e Dione, que tinha um ar duro e a doçura de alguém que queria todo o bem que se pudesse imaginar, virou e explicou que a mocinha existia, que morava perto de minha casa, e que ela era bonita assim porque comia muito bem (essa lição eu insistia em não aprender, rs).

Que em outra dimensão sejam consideradas as boas ações de minha alfabetizadora que fez toda a diferença na minha vida aqui. E ficam, então, registrados os meus eternos agradecimentos pelos copos de gemada preparados com carinho e letras, determinantes para escrever este post.

(Fabiana Carvalho)